Técnica A.C.A.L.M.E-S.E

Ansiedade, quem pode dizer que está livre dela? Mas ao contrário do que muitos pensam, a ansiedade é fator estruturante do ser humano. TODOS temos ansiedade. O que difere de algo “normal” ou “disfuncional” é a intensidade e como lidamos com ela.

Por notar que a ansiedade vem se tornando cada vez mais a vilã dos dias atuais, resolvi trazer para a nossa postagem da semana uma técnica que é eficiente para controlar a ansiedade.

A.C.A.L.M.E.-S.E

A técnica foi criada pelo terapeuta cognitivo comportamental e professor Bernard Rangé, e consiste em passos para, como o nome mesmo sugere, acalmar-se. Quando se tem crises de ansiedade, ou alto níveis de estresse, esses passos sugeridos por Rangé irão ajudar a você a manter-se sereno.

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A técnica é composta de 8 passos:

Passo 1: Aceite a sua ansiedade –> isso mesmo. Não lute contra ela. Converse com ela. Aceite que ela está ali por alguma razão. Substitua suas emoções ruins pela emoção de aceitação. Quanto mais lutamos contra algo, mas aquilo cresce.

Passo 2: Contemple tudo a sua volta –> saia de você. Conecte-se com o que está ocorrendo ao seu redor. Você não é a sua ansiedade. Descreva o que ocorre no mundo externo a você. Tire a atenção do seu interior.

Passo 3: Aja como se não estivesse ansioso. “O que eu faria agora se estivesse tudo bem?” Tente diminuir o ritmo. Não fuja da realidade achando que irá fugir da ansiedade.

Passo 4: Libere o ar dos pulmões lentamente. Inspire e expire de forma lenta e gradual. Sem pressa. Sem certo ou errado. Apenas deixe que o ar circule.

Passo 5: Mantenha os passos anteriores. Refaça-os outra vez na mesma ordem –> aceitar, contemplar, agir e respirar.

Passo 6: Examine seus pensamentos –> sem precipitações. Apenas veja como está pensando. Procure analisar seus pensamentos e busque traços de realidade neles. Pense racionalmente.

Passo 7: Sorria, você conseguiu! Olha só, você já chegou aqui, e posso acreditar que já se sente melhor. A vida é feita de fases e você está conseguindo passar por essa. Aceitando sua ansiedade, logo você estará sabendo lidar com ela cada vez melhor.

Passo 8: Espere pelo futuro com aceitação. A ansiedade não vai desaparecer como em um passe de mágica. Mas tenha em mente que da próxima vez que ela aparecer, você já estará mais seguro para entendê-la.

Esse é o passo a passo da técnica A.C.A.L.M.E-S.E do professor Rangé.

Uma dica? Familiarizar-se com ela é a melhor opção, e por isso, não deixe para tentar fazê-la somente quando estiver em uma crise de ansiedade. Leia o passo a passo quando estiver bem e isso fará com que você esteja ainda mais preparado.

Vamos juntos?

Espero que tenham gostado do texto.

Até  a próxima.

Ticiana

Dica de livro: Como falhar na relação? Os 50 erros que os terapeutas mais cometem.

Hoje vamos falar de um livro bem bacana que li há pouco tempo.

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Como falhar na relação? Os 50 erros que os terapeutas mais cometem, do Bernard Schwartz e John V. Flowers, é um livro bem interessante de ser lido por psicólogos e terapeutas, principalmente para aqueles que estão no início da vida clínica.

No livro, os autores trazem como objetivo falar sobre esses tais erros mais comuns de forma detalhada e confiável. Eles abordam também a temática de que na graduação somos sempre ensinados com base na teoria, porém as questões mais práticas e que envolvem “jogo de cintura” e criatividade nem ao menos são abordadas.

Falta a noção prática de como falar de fato com o seu cliente! Perguntas básicas tais como “o que devo dizer no início?” ou “como quebrar o gelo?” são algumas das quais os autores pretendem abordar na obra, e sempre de forma agradável, de fácil leitura  e de forma bem prática, baseados nas suas próprias experiências clínicas, como também nas suas vivências no acompanhamento de jovens terapeutas e colegas. Eles fizeram uma compilação desses erros e trazem em forma de aprendizado.

O livro aborda erros desde antes de se iniciar a terapia, aqueles que dizem respeito às expectativas do cliente, quanto dos próprios terapeutas; erros de avaliações incompletas; erros baseados no fato de ignorar a ciência (porque sim, não podemos esquecer, a psicologia é uma ciência!); erros que levam a não colaboração do cliente; aborda também erros que fazem qualquer relação terapeuta – paciente ser destruída; erros no estabelecimento de limites; dentre alguns outros. O ponto chave do livro? O fato de que os autores nos presenteiam como uma sessão “como evitar o erro” ao final de cada um dos 50 que são listados.

Esse livro me fez pensar no meu início na clínica, quando eu também tive as minhas dúvidas, e parti do zero, pois naquele momento não contava com nenhum livro como esse, nem com algum tipo de supervisão, tendo como modelo aulas de campo (bem raras, vamos admitir) da época da faculdade.

O maior segredo para não errar, talvez seja, ser você mesmo, sem máscaras ou interpretação de papeis. No entanto, tenha sempre atenção aos seus sentimentos, e leve seu cérebro junto. Saber todas as teorias não é garantia de sucesso!

Gostou desse texto? Deixa seu comentário se você quer mais indicações de livros por aqui!

Até a próxima!

 

Ticiana

 

Cartões de enfrentamento: você sabe o que é e para que serve?

 

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Na terapia cognitivo comportamental buscamos mecanismos para melhorar a o dia a dia do indivíduo.
Às vezes, o nosso pensamento é traiçoeiro e nos prega peças, e esses pensamentos são ditos disfuncionais, ou seja, não funcionam para nossa saúde mental.
Um dos mecanismos que temos disponíveis na TCC são os cartões de enfrentamento.
Mas o que são esses cartões?
Os cartões de enfrentamento são frases motivacionais e realistas que ajudam as pessoas a manterem o foco, ou a verem as coisas por uma lente menos negativa, naqueles momentos em que tudo parece desmoronar.
A ideia é pedir para o cliente/ paciente que escreva em um cartão frases que o ajude a passar por alguma situação desafiadora e conseguir forças para tal.
Essa estratégia é muito boa para pacientes com ideação suicida, como também para os procrastinadores e com humor depressivo. São lembretes de que a vida e as metas valem a pena.
Fazer um cartão de enfrentamento teoricamente é fácil, basicamente é colocar nele motivos reais para continuar ou começar algo. A dica é fazer esse cartão em um momento em que as coisas estejam relativamente bem e suas ideias estejam tranquilas. Após feito, ele deve estar sempre com você, por isso, é importante que o seu cartão de enfrentamento seja de um tamanho ideal para estar na bolsa ou na carteira. Hoje em dia com a tecnologia, até o bloco de notas do celular pode servir de lugar para fazer o cartão de enfrentamento.
E quando ler o seu cartão? Assim como nos preparamos para tudo na vida, o cartão de enfrentamento deve ser lido todos os dias, de preferência pelo menos duas vezes, mesmo que nesses momentos você esteja se sentindo motivado. É sempre bom reforçar esse ânimo e ajuda a criar um hábito. Afinal, quando estamos acostumados a algo é sempre mais fácil realizar qualquer tarefa, correto?
Você pode fazer vários cartões de enfrentamento: porque devo viver? porque não comer besteiras? porque continuar naquele curso? porque investir em algo? Se aquilo for bom e valer a pena, sempre bom relembrar o motivo.

E aí? Esse texto te ajudou de alguma forma? Me conta nos comentários ou me manda um e-mail ticiana27.11@gmail.com vou adorar saber o seu feedback!

Lembrando também que nenhum texto aqui substitui o processo de psicoterapia.
Não está conseguindo sozinho? Busque ajuda!

Até a próxima,

Ticiana.

Nova identidade visual

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Uma nova identidade. Do jeito que eu queria!

Aqui, no Facebook (Psicóloga Ticiana Araújo Carnaúba) e no Instagram, tudo novo!

Como atuo:

🔹 Psicoterapia
🔹 Orientação Profissional
🔹 Avaliação Psicológica
🔹 Clínica Social
🔹 Palestras

Onde atendo:
📍 Piatã
📍 Paralela (Wall Street Empresarial)

Contato
📲 (71) 9 9280.0204
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Você é maduro emocionalmente?

Hoje em dia muito está se falando em maturidade emocional. Mas você sabe realmente o que é ser maduro emocionalmente?

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Quando falamos em maturidade, a questão da idade logo vem à mente, mas em se tratando da maturidade emocional, a idade pouco importa. Para Marli Guári, “a maturidade emocional não surge do nada; exige trabalho, esforço, boa vontade e o desejo de olhar para dentro e se conhecer melhor, com a cabeça e o coração em perfeita sintonia. Amadurecer significa encarar a realidade como ela é, muitas vezes bem mais dolorosa do que gostaríamos“.

Talvez a maior característica de uma pessoa madura emocionalmente seja a sua tolerância a frustrações. Problemas, todo mundo tem, mas como você encara esses problemas é que demonstra o seu grau de maturidade emocional. O médico psicanalista Flávio Gikovate afirma que “pessoas maduras também se aborrecem com as frustrações, mas não “descarregam” sua raiva sobre terceiros que nada têm a ver com o que lhe ocorreu“.

Podemos dizer ainda que a maturidade emocional tem uma relação muito íntima com o que chamamos de inteligência emocional, com responsabilidades para consigo mesmo, e com disciplina e controle de emoções. Porém é preciso salientar que o controle aqui falado nada tem a ver com repressão de sentimentos, e sim com saber o que sente, porque sente e como fazer uma boa análise e uso desse sentimento.

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A Joana Borges, do Centro de Estudos da consciência, lista alguns itens para uma maturidade emocional, tais como:
– Ser responsável por si mesmo e não culpar alguém pelos erros cometidos
– Não usar desculpas para os fracassos que venha a obter
– Agir isento de emoções e preconceitos
– Aceitar o inevitável
– Automotivação e Bom humor
– Autoconhecimento
– Auto-estima
– Ser cooperativo
– Compartilhar
– Lidar bem com as críticas
– Ser independente
– Empático e sensível às necessidades dos outros.

Uma pessoa que não tenha chegado a um estágio de maturidade emocional, pode ser comparada como uma “criança”, pois age em determinados momentos tal como um pequeno fazendo “birra” quando algo não sai exatamente do seu agrado. Pessoas com imaturidade emocional são aquelas que vivem se queixando de tudo e de todos, pelo simples fato de que as coisas não saem “do seu jeito”. No entanto, esse estado é algo mutável, podendo ser superado e modificado. Uma pessoa emocionalmente imatura pode vir a se tornar madura emocionalmente, basta querer mudar e aceitar a mudança.

Diante do exposto, eu questiono: você se considera maduro emocionalmente? O que você tem feito pela sua maturidade emocional?

Se quiser saber mais sobre esse assunto, envie um e-mail para: ticiana27.11@gmail.com e terei o prazer de responder.

Até o próximo texto,

Ticiana Araújo Carnaúba.

Psicólogo x Psiquiatra

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Embora o título seja Psicólogo “versus” psiquiatra, essas profissões se complementam mais do que as pessoas imaginam.

Porém, já percebi na clínica, que algumas pessoas que procuram ajuda terapêutica, muitas vezes ficam na dúvida qual profissional devem buscar para iniciar um tratamento. E por essa razão resolvi escrever de forma clara e objetiva a diferença entre esses dois profissionais.

As diferenças se iniciam na formação: para uma pessoa se formar psiquiatra, ela deve cursar 6 anos de medicina, e depois 2 a 3 anos de residência em psiquiatria. Já o psicólogo deve cursar 5 anos do curso de psicologia, e depois pode optar por fazer um curso de formação ou especialização na abordagem escolhida (existem na psicologia algumas abordagens, originadas de estudos que possuem maneiras de trabalhar diferentes).

O psicólogo trabalha com o foco em ajudar ou auxiliar o paciente em entender o motivo do seu adoecimento mental, enquanto o foco do psiquiatra é identificar a desordem mental e tratá-lo de forma medicamentosa. E talvez essa seja a maior diferença entre os profissionais, enquanto o psiquiatra prescreve medicamentos, o psicólogo não. O psicólogo não trabalha focado no diagnóstico em si, pois o seu maior interesse está nas causas da desordem.

Podemos dizer ainda que o psicólogo trabalha com técnicas psicoterápicas, em encontros semanais, geralmente com duração de 50 minutos (podendo variar de acordo com o local e teoria utilizada), a escuta é uma das ferramentas mais utilizadas por esses profissionais, além de tentarem entender as causas do adoecimento, de forma gradativa e global, visando uma melhor qualidade de vida do paciente. O psiquiatra por sua vez, geralmente tem encontros mensais com seus pacientes para acompanhamento do tratamento, e ajustagem da medicação (caso seja necessário), seu objetivo é a redução dos sintomas e consequente melhora do paciente, e seu tempo de duração, em relação à psicoterapia é geralmente menor.

Um ponto importante, que nem sempre fica claro para os que estão em busca de algum desses profissionais é o fato de que essas profissões se complementam. Em alguns casos, quando a pessoa busca primeiro um psicólogo, o profissional entende que às vezes, o acompanhamento por um psiquiatra e uso de medicação será de suma importância para o bom andamento da terapia, e vice versa, psiquiatras podem perceber que além do tratamento medicamentoso, o paciente necessita de um acompanhamento terapêutico, e nesses casos, ocorrem os encaminhamentos.

E se ainda assim você tiver dúvidas qual profissional procurar, basta pensar que psiquiatra irá tratar de algo mais pontual, mais urgente, e psicólogo irá ajudar a você a se conhecer melhor ou entender porque determinada situação está acontecendo em sua vida. Ambos são profissionais sérios e competentes que podem ajudar. E o que é melhor, a combinação em casos mais graves é o mais assertivo.

Se está com algum problema, alguma dificuldade, busque ajuda.

Até o próximo texto,
Ticiana Araújo Carnaúba.

(Ainda ficou com alguma dúvida sobre esse assunto, ou tem sugestão de tema para as próximas postagens, envie um email para: ticiana27.11@gmail.com)

Você sabe o que são PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS?

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Pensamentos disfuncionais. Pensamentos errôneos. Pensamentos automáticos. Todas essas definições são para um tipo de pensamento, que a Teoria Cognitivo Comportamental (TCC) caracteriza como aqueles que vem de imediato, sem “muito pensar” e que por muitas vezes trazem consigo ideias errôneas ou carregadas de conceitos já estabelecidos pelas crenças de quem pensa.

Segundo Aaron Beck, “os pensamentos automáticos são um fluxo de pensamentos que coexistem com um fluxo de pensamentos mais manifesto” (Beck apud Beck, 2013, p. 159). E eles não são específicos para pessoas com problemas psicológicos. Todos nós os temos.

É bastante comum que automaticamente ao enfrentarmos algo novo, um pensamento errôneo e automático de “eu não vou conseguir” venha à nossa mente. A TCC tem como propósito ensinar ao paciente a usar essa emoção negativa como algo que impulsiona a avaliação desses pensamentos e o desenvolvimento de uma resposta avaliativa. As ferramentas da TCC ajudam a  “avaliar seus pensamentos de forma consciente e estruturada, especialmente quando estão perturbados” (BECK, 2013, p. 159)

Mas porque esses pensamentos também são chamados de disfuncionais e errôneos? Porque acabam por distorcer a realidade, provocam angústia, além de interferirem na capacidade do paciente de atingir seus objetivos.

Os pensamentos automáticos estão intimamente ligados com as emoções, pois quando estes pensamentos surgem, trazem consigo emoções, geralmente carregadas de negativismo. Sendo assim, “as emoções que o paciente sente estão conectadas logicamente ao conteúdo dos seus pensamentos automáticos” (BECK, 2013, p. 160).

O grande problema dos pensamentos automáticos é o fato deles serem breves e carregarem “conclusões” impensadas de quem os têm. Eles podem ocorrer de forma verbal, visual, ou ambas. Mas com a intervenção da TCC, a pessoa se torna apta a reconhecer esses pensamentos, analisa-los, identificar quais emoções estão envolvidas e por fim, conseguir racionaliza-los da melhor maneira possível.

Uma característica imprescindível para afastar esses pensamentos errôneos é ser flexível, ter a capacidade de se adaptar às circunstâncias da vida cotidiana. O psicólogo Albert Ellis em seus estudos, concluiu que as pessoas, em geral, tendem a ter pensamentos de forma irracional e derrotista (EDELMAN, 2014).

Segundo Eldman (2014), existem alguns pensamentos e atitudes que as pessoas costumam adotar que fazem com que os pensamentos errôneos se fortaleçam.

São eles, segundo ELDMAN, 2014, p. 35 – 53 :

# Pensamento catastrófico: “tendência comum a exagerar os aspectos e as consequências negativas de acontecimentos passados, presentes ou futuros“;
# Pensamento preto e branco: “tendência de ver tudo de forma polarizada – boa ou ruim – ignorando o campo intermediário“;
# Generalizar de forma excessiva: “tirar conclusões negativas sobre nós mesmos, outras pessoas e situações de vida baseados em limitados indícios“;
# Personalizar: quando “atribuímos caráter pessoal ao que nos acontece, sentimo-nos responsáveis por circunstâncias que não são culpa nossa ou supomos incorretamente que as respostas de outras pessoas são dirigidas a nós“;
# Filtragem: quando se nota “apenas os elementos negativos de uma situação“;
# Tirar conclusões precipitadas
# Rotular, comparar, entre outras. 

Finalizando, a TCC se dispõe a ensinar técnicas para que as pessoas possam adquirir melhores formas de pensamento, identificando os padrões já pré-estabelecidos, que lhes causam ansiedade e emoções angustiantes, podendo a partir de então melhor monitorar tais cognições para que seja possível uma vida mais saudável, em termos psicológicos.

REFERÊNCIAS:

BECK, J. S. Terapia Cognitivo Comportamental: teoria e prática. 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2013.

ELDMAN, S. Basta pensar diferente: como a ciência pode ajudar você a ver o mundo por novos olhos. 1ª.ed. São Paulo: Editora Fundamento Educacional Ltda., 2014.

A depressão materna e a intergeracionalidade familiar

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Você sabia que a depressão pode ser hereditária? E não estou só falando de genética como já foi mostrado e pesquisado por estudiosos em várias partes no mundo. Aqui falo de um fenômeno muito mais amplo e no âmbito psicológico chamado intergeracionalidade, que vem a ser o ensinamento de pais para filhos, no que diz respeito a ensinar aos seus filhos os valores éticos e culturais, além de regras, os papéis e crenças (BAPTISTA & TEODORO, 2012).

Estudos apontam ainda que com relação à depressão materna  e em relação à intergeracionalidade familiar  existem quatro mecanismos que podem contribuir para a transmissão dos sintomas depressivos de mães para filhos. São eles:

1) FATORES GENÉTICOS – hereditariedade da depressão;
2) MECANISMO NEURORREGULATÓRIO DISFUNCIONAL – desenvolvimento fetal anormal em decorrência da depressão materna durante o período gestacional;
3) INAPROPRIADA TRANSMISSÃO DE SUPORTE FAMILIAR – pouca assistência afetiva, instrumental e informacional por parte da família;
4) CONTEXTO ESTRESSANTE VIVIDO PELOS FILHOS – brigas familiares e discórdia conjugal. (BAPTISTA & TEODORO, 2012, p. 22)

Sendo assim, tanto fatores biológicos, quanto os psico-sociais são responsáveis pela presença da depressão materna em gerações diversas de uma mesma família.

O fenômeno da intergeracionalidade familiar ainda é pouco estudado no Brasil, mas algumas pesquisas já veem sendo realizadas, mesmo que de forma ainda isolada. Vale ressaltar que tal fenômeno deve ser estudado como algo complexo, onde devem constar diversas variáveis.

REFERÊNCIA:
BAPTISTA, M.N & TEODORO, M.L.M. Psicologia de família.: teoria, avaliação e intervenção. Porto Alegre: Artmed, 2012.

Técnica Linha da Vida

A técnica que trago aqui hoje no blog foi retirada do livro que já indiquei “123 Técnicas de Psicoterapia Relacional Sistêmica” da Solange Maria Rosset, e se chama “LINHA DA VIDA“.

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É uma técnica que indico principalmente para ser aplicada com pacientes que têm dificuldade em “se abrir” na terapia, principalmente no que diz respeito aos acontecimentos que lhe marcaram durante a sua vida. Utilizei essa técnica com uma paciente, a qual, a terapia estava estagnada, por falta de relatos por parte dela, e sentia que não estávamos avançando, e após a construção da LINHA DA VIDA, conseguimos reconhecer pontos importantes na sua trajetória, o que fez com que outras demandas fossem surgindo a cada ponto analisado.

Indico também a técnica para o inicio da psicoterapia, dando a oportunidade ao psicólogo/ terapeuta de conhecer a trajetória do seu paciente/ cliente, possibilitando assim uma visão mais ampla das contingências que levaram a pessoa a buscar terapia. Ou seja, sabe por qual foi a trajetória daquela pessoa, e o que marcou o seu caminho.

A técnica consiste em que o paciente/ cliente em uma folha de papel (do tamanho que você escolha) trace uma linha representando a sua vida, e nela marque pontos importantes dessa trajetória, tanto positivos, quanto negativos, onde o início da linha deve representar o nascimento e o final o dia atual.

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O material necessário é bastante simples: papel e lápis. Eu gosto de disponibilizar além destes, lápis coloridos, caso o paciente/cliente queira fazer com cores diferentes o seu registro.

Nessa técnica é importante analisar como a linha é construída, se há quebras, ou espaços com hiatos de período, como o paciente reage a cada item listado. É uma técnica também boa para se utilizar com grupos (fazendo da linha a vida do grupo desde a sua formação), como também com famílias (tendo o início da linha o momento em que o casal se tornou família).

É uma técnica simples, fácil de ser aplicada, e que trás um ganho qualitativo enorme para a terapia.