Cartões de enfrentamento: você sabe o que é e para que serve?

 

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Na terapia cognitivo comportamental buscamos mecanismos para melhorar a o dia a dia do indivíduo.
Às vezes, o nosso pensamento é traiçoeiro e nos prega peças, e esses pensamentos são ditos disfuncionais, ou seja, não funcionam para nossa saúde mental.
Um dos mecanismos que temos disponíveis na TCC são os cartões de enfrentamento.
Mas o que são esses cartões?
Os cartões de enfrentamento são frases motivacionais e realistas que ajudam as pessoas a manterem o foco, ou a verem as coisas por uma lente menos negativa, naqueles momentos em que tudo parece desmoronar.
A ideia é pedir para o cliente/ paciente que escreva em um cartão frases que o ajude a passar por alguma situação desafiadora e conseguir forças para tal.
Essa estratégia é muito boa para pacientes com ideação suicida, como também para os procrastinadores e com humor depressivo. São lembretes de que a vida e as metas valem a pena.
Fazer um cartão de enfrentamento teoricamente é fácil, basicamente é colocar nele motivos reais para continuar ou começar algo. A dica é fazer esse cartão em um momento em que as coisas estejam relativamente bem e suas ideias estejam tranquilas. Após feito, ele deve estar sempre com você, por isso, é importante que o seu cartão de enfrentamento seja de um tamanho ideal para estar na bolsa ou na carteira. Hoje em dia com a tecnologia, até o bloco de notas do celular pode servir de lugar para fazer o cartão de enfrentamento.
E quando ler o seu cartão? Assim como nos preparamos para tudo na vida, o cartão de enfrentamento deve ser lido todos os dias, de preferência pelo menos duas vezes, mesmo que nesses momentos você esteja se sentindo motivado. É sempre bom reforçar esse ânimo e ajuda a criar um hábito. Afinal, quando estamos acostumados a algo é sempre mais fácil realizar qualquer tarefa, correto?
Você pode fazer vários cartões de enfrentamento: porque devo viver? porque não comer besteiras? porque continuar naquele curso? porque investir em algo? Se aquilo for bom e valer a pena, sempre bom relembrar o motivo.

E aí? Esse texto te ajudou de alguma forma? Me conta nos comentários ou me manda um e-mail ticiana27.11@gmail.com vou adorar saber o seu feedback!

Lembrando também que nenhum texto aqui substitui o processo de psicoterapia.
Não está conseguindo sozinho? Busque ajuda!

Até a próxima,

Ticiana.

Você é maduro emocionalmente?

Hoje em dia muito está se falando em maturidade emocional. Mas você sabe realmente o que é ser maduro emocionalmente?

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Quando falamos em maturidade, a questão da idade logo vem à mente, mas em se tratando da maturidade emocional, a idade pouco importa. Para Marli Guári, “a maturidade emocional não surge do nada; exige trabalho, esforço, boa vontade e o desejo de olhar para dentro e se conhecer melhor, com a cabeça e o coração em perfeita sintonia. Amadurecer significa encarar a realidade como ela é, muitas vezes bem mais dolorosa do que gostaríamos“.

Talvez a maior característica de uma pessoa madura emocionalmente seja a sua tolerância a frustrações. Problemas, todo mundo tem, mas como você encara esses problemas é que demonstra o seu grau de maturidade emocional. O médico psicanalista Flávio Gikovate afirma que “pessoas maduras também se aborrecem com as frustrações, mas não “descarregam” sua raiva sobre terceiros que nada têm a ver com o que lhe ocorreu“.

Podemos dizer ainda que a maturidade emocional tem uma relação muito íntima com o que chamamos de inteligência emocional, com responsabilidades para consigo mesmo, e com disciplina e controle de emoções. Porém é preciso salientar que o controle aqui falado nada tem a ver com repressão de sentimentos, e sim com saber o que sente, porque sente e como fazer uma boa análise e uso desse sentimento.

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A Joana Borges, do Centro de Estudos da consciência, lista alguns itens para uma maturidade emocional, tais como:
– Ser responsável por si mesmo e não culpar alguém pelos erros cometidos
– Não usar desculpas para os fracassos que venha a obter
– Agir isento de emoções e preconceitos
– Aceitar o inevitável
– Automotivação e Bom humor
– Autoconhecimento
– Auto-estima
– Ser cooperativo
– Compartilhar
– Lidar bem com as críticas
– Ser independente
– Empático e sensível às necessidades dos outros.

Uma pessoa que não tenha chegado a um estágio de maturidade emocional, pode ser comparada como uma “criança”, pois age em determinados momentos tal como um pequeno fazendo “birra” quando algo não sai exatamente do seu agrado. Pessoas com imaturidade emocional são aquelas que vivem se queixando de tudo e de todos, pelo simples fato de que as coisas não saem “do seu jeito”. No entanto, esse estado é algo mutável, podendo ser superado e modificado. Uma pessoa emocionalmente imatura pode vir a se tornar madura emocionalmente, basta querer mudar e aceitar a mudança.

Diante do exposto, eu questiono: você se considera maduro emocionalmente? O que você tem feito pela sua maturidade emocional?

Se quiser saber mais sobre esse assunto, envie um e-mail para: ticiana27.11@gmail.com e terei o prazer de responder.

Até o próximo texto,

Ticiana Araújo Carnaúba.

Psicólogo x Psiquiatra

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Embora o título seja Psicólogo “versus” psiquiatra, essas profissões se complementam mais do que as pessoas imaginam.

Porém, já percebi na clínica, que algumas pessoas que procuram ajuda terapêutica, muitas vezes ficam na dúvida qual profissional devem buscar para iniciar um tratamento. E por essa razão resolvi escrever de forma clara e objetiva a diferença entre esses dois profissionais.

As diferenças se iniciam na formação: para uma pessoa se formar psiquiatra, ela deve cursar 6 anos de medicina, e depois 2 a 3 anos de residência em psiquiatria. Já o psicólogo deve cursar 5 anos do curso de psicologia, e depois pode optar por fazer um curso de formação ou especialização na abordagem escolhida (existem na psicologia algumas abordagens, originadas de estudos que possuem maneiras de trabalhar diferentes).

O psicólogo trabalha com o foco em ajudar ou auxiliar o paciente em entender o motivo do seu adoecimento mental, enquanto o foco do psiquiatra é identificar a desordem mental e tratá-lo de forma medicamentosa. E talvez essa seja a maior diferença entre os profissionais, enquanto o psiquiatra prescreve medicamentos, o psicólogo não. O psicólogo não trabalha focado no diagnóstico em si, pois o seu maior interesse está nas causas da desordem.

Podemos dizer ainda que o psicólogo trabalha com técnicas psicoterápicas, em encontros semanais, geralmente com duração de 50 minutos (podendo variar de acordo com o local e teoria utilizada), a escuta é uma das ferramentas mais utilizadas por esses profissionais, além de tentarem entender as causas do adoecimento, de forma gradativa e global, visando uma melhor qualidade de vida do paciente. O psiquiatra por sua vez, geralmente tem encontros mensais com seus pacientes para acompanhamento do tratamento, e ajustagem da medicação (caso seja necessário), seu objetivo é a redução dos sintomas e consequente melhora do paciente, e seu tempo de duração, em relação à psicoterapia é geralmente menor.

Um ponto importante, que nem sempre fica claro para os que estão em busca de algum desses profissionais é o fato de que essas profissões se complementam. Em alguns casos, quando a pessoa busca primeiro um psicólogo, o profissional entende que às vezes, o acompanhamento por um psiquiatra e uso de medicação será de suma importância para o bom andamento da terapia, e vice versa, psiquiatras podem perceber que além do tratamento medicamentoso, o paciente necessita de um acompanhamento terapêutico, e nesses casos, ocorrem os encaminhamentos.

E se ainda assim você tiver dúvidas qual profissional procurar, basta pensar que psiquiatra irá tratar de algo mais pontual, mais urgente, e psicólogo irá ajudar a você a se conhecer melhor ou entender porque determinada situação está acontecendo em sua vida. Ambos são profissionais sérios e competentes que podem ajudar. E o que é melhor, a combinação em casos mais graves é o mais assertivo.

Se está com algum problema, alguma dificuldade, busque ajuda.

Até o próximo texto,
Ticiana Araújo Carnaúba.

(Ainda ficou com alguma dúvida sobre esse assunto, ou tem sugestão de tema para as próximas postagens, envie um email para: ticiana27.11@gmail.com)

A depressão materna e a intergeracionalidade familiar

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Você sabia que a depressão pode ser hereditária? E não estou só falando de genética como já foi mostrado e pesquisado por estudiosos em várias partes no mundo. Aqui falo de um fenômeno muito mais amplo e no âmbito psicológico chamado intergeracionalidade, que vem a ser o ensinamento de pais para filhos, no que diz respeito a ensinar aos seus filhos os valores éticos e culturais, além de regras, os papéis e crenças (BAPTISTA & TEODORO, 2012).

Estudos apontam ainda que com relação à depressão materna  e em relação à intergeracionalidade familiar  existem quatro mecanismos que podem contribuir para a transmissão dos sintomas depressivos de mães para filhos. São eles:

1) FATORES GENÉTICOS – hereditariedade da depressão;
2) MECANISMO NEURORREGULATÓRIO DISFUNCIONAL – desenvolvimento fetal anormal em decorrência da depressão materna durante o período gestacional;
3) INAPROPRIADA TRANSMISSÃO DE SUPORTE FAMILIAR – pouca assistência afetiva, instrumental e informacional por parte da família;
4) CONTEXTO ESTRESSANTE VIVIDO PELOS FILHOS – brigas familiares e discórdia conjugal. (BAPTISTA & TEODORO, 2012, p. 22)

Sendo assim, tanto fatores biológicos, quanto os psico-sociais são responsáveis pela presença da depressão materna em gerações diversas de uma mesma família.

O fenômeno da intergeracionalidade familiar ainda é pouco estudado no Brasil, mas algumas pesquisas já veem sendo realizadas, mesmo que de forma ainda isolada. Vale ressaltar que tal fenômeno deve ser estudado como algo complexo, onde devem constar diversas variáveis.

REFERÊNCIA:
BAPTISTA, M.N & TEODORO, M.L.M. Psicologia de família.: teoria, avaliação e intervenção. Porto Alegre: Artmed, 2012.

Conhecendo a TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

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Iniciei minha atuação como psicóloga clínica sob a luz da Teoria Sistêmica, e continuo tendo essa linha teórica como minha “linha mãe”, mas como todo psicólogo sabe, não existe uma rigidez de teoria. Você pode ter uma linha teórica base, mas jamais deve abrir mão do amplo conhecimento que todas as teorias trazem ao setting terapêutico. E por isso, senti a necessidade de procurar além da teoria sistêmica, alguma outra ferramenta que me desse um embasamento além de teórico, também prático, e assim pesquisando principalmente sobre técnicas, me deparei com a Psicologia Cognitivo-comportamental, e encontrei nela as ferramentas para agregar ainda mais conhecimento e sustância em meus atendimentos. E por esse motivo que trago aqui hoje um pouco sobre a TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL, ou TCC, em uma breve introdução acerca do tema.

Segundo (BECK, 2013, p. 22), a TERAPIA COGNITIVA-COMPORTAMENTAL é “uma psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente, direcionada para a solução dos problemas atuais e modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais”. O objetivo principal do terapeuta cognitivo-comportamental é ajudar o paciente a modificar o seu pensamento acerca de determinado assunto, além de suas crenças, com o propósito de mudança emocional e comportamental duradoura. De acordo com CADE (2001) apud CORDIOLI (2008), o intuito da TCC é trabalhar também habilidades de relacionamento, ajustamento social, controle do estresse, entre outros para um melhor ajustamento social, e consequentemente controle sobre a sua situação atual perante ao mundo.

O foco da atuação da TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL são os “pensamentos automáticos”, enraizados pelas crenças do paciente, que por vezes podem gerar pensamentos disfuncionais, acabando por influenciar tanto o humor, quanto o próprio pensamento daqueles que o possuem. Para isso, a proposta da TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL é trabalhar em um nível mais profundo de cognição, ou seja, no nível das crenças básicas do paciente sobre si mesmo, o mundo em que vive e as pessoas que fazem parte da sua vida. E é nessa premissa que segundo BECK (2013) são realizadas as técnicas sob a luz da TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL, identificados os pensamentos automáticos, estes ligados às emoções, o terapeuta deve ajudar os pacientes a identificar, saber avaliar e ter subsídios para responder a esses pensamentos de forma mais realista, apresentando melhora mais rapidamente do que algumas outras técnicas. Tais pensamentos automáticos podem ser funcionais ou disfuncionais, sendo estes últimos o alvo da TCC.

Segundo CORDIOLI (2008), na TCC o paciente identifica as suas distorções cognitivas, podendo a partir de então corri-las, apresentando conseqüentemente uma melhora clínica. O ajustamento proposto pela TCC é fundamentado em ajudar ao paciente a agir e pensar de forma mais realista, adaptando-se aos problemas e minimizando os seus sintomas.

Porem se engana quem acredita que para a TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL o passado do paciente não é importante. Para a TCC é de suma importância contextualizar o paciente, levando em conta acontecimentos da sua infância, de seus momentos atuais, de sua constituição familiar, suas emoções, seu crescimento e formação de sua personalidade, para um quadro amplo de sua contingência.

Terapia Cognitivo Comportamental Psicologo Uberlândia-MG

A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL pode ser utilizada em diversos casos tais como: sintomas de esquizofrenia, demência, insônia, tabagismo, conflitos familiares, autismo, fobias, disfunção sexual, bulimia nervosa, dor crônica, vítimas de abuso sexual, promoção de saúde, transtorno bipolar, porém, tem sido amplamente utilizada no tratamento da depressão e da ansiedade, tendo em vista que o seu princípio é o mesmo, mas a sua forma de abordagem sofre algumas modificações para melhor atender a cada caso. Para os casos de depressão, o mais indicado é ajudar o paciente a identificar os seus pensamentos negativos, principalmente acerca deles mesmos, e fazerem uma avaliação mais realista da situação. Já os pacientes que procuram a terapia por problemas de ansiedade, a TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL prioriza a melhor avaliação do risco das situações que estes pacientes temem, e entenderem quais reais recursos possuem para o enfrentamento, e caso seja necessário, melhorar tais recursos.

Ainda segundo BECK (2013, p. 27-31), existem dez princípios básicos da TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL:

Princípio 1: A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL está baseada em uma formulação em desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e em uma conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos.

Princípio 2: A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL requer uma aliança terapêutica sólida.

Princípio 3: A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL enfatiza a colaboração e a participação ativa.

Princípio 4: A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL é orientada para os objetivos e focada nos problemas.

Princípio 5: A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL enfatiza inicialmente o presente.

Princípio 6: A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL é educativa, tem como objetivo ensinar ao paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaída.

Princípio 7: A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL visa ser limitada no tempo.

Princípio 8: As sessões da TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL são estruturadas.

Princípio 9: A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais.

Princípio 10: A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL usa uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento.

Diante desses princípios, pode-se dizer que a TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL visa uma melhora definitiva, rápida e consistente para os problemas disfuncionais, vindos essencialmente dos pensamentos automáticos que desenvolvemos no decorrer da nossa vida.

REFERÊNCIAS:

BECK, J. S. Terapia Cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2ª Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2013

CORDIOLI, A. V. (organizador). Psicoterapias: abordagens atuais. 3ª Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2008.

Técnica do Lugar Seguro

Uma das técnicas que gosto de utilizar com meus pacientes é a “Técnica do Lugar Seguro“. Essa técnica embora seja usada e adaptadas por diversas abordagens da psicologia é mais comum e propagada pela hipnoterapia clínica.

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Atuo na perspectiva sistêmica e da terapia cognitivo-comportamental, mas mesmo assim, após estudar algumas técnicas, a técnica do “Lugar Seguro” acabou me servindo muito bem junto a pacientes cuja queixa principal é a ansiedade.

A técnica é bem simples de ser feita, mas alguns cuidados devem ser tomados. Manter o ambiente o mais confortável possível para o paciente, o que pode ser deitado em um divã, sentado em uma cadeira, ou deitado em alguma espécie de colchonete que você tenha em seu espaço terapêutico. Quando aplico o “Lugar Seguro” nos meus pacientes, diminuo a iluminação e procuro deixar a temperatura ambiente fresca, evitando assim calor excessivo, mas também tendo cuidado para que não fique frio o bastante que o distraia do passo a passo da técnica. Além disso, gosto de associar a técnica com música. Geralmente gosto de usar música instrumental clássica, mas também posso perguntar ao paciente se ele possui uma música favorita para utilizarmos. Mas cuidado, ao utilizar a música escolhida pelo paciente, tome cuidado para que ele preste atenção às suas palavras e não à letra da música. Caso isso acontece, interrompa a técnica e sugira mudar a trilha sonora.

Vamos à técnica?

Antes de começar, peça para que seu paciente escreva em um papel três sugestões que ele(a) queira modificar em sua vida (exemplo: comportamentos, pensamentos, hábitos, rotinas etc), tendo cuidado para que as sugestões sejam com base na simplicidade, tendo uma ideia de cada vez, sejam também realistas, para que não haja frustração desnecessária; e além disso, explique ao seu paciente que nunca deve dizer “não”, pois a palavra “não” pode ser reforçadora de negatividade.

Feita a lista, recomendo que diminua a iluminação, regule a temperatura e peça para que o seu paciente encontre uma posição confortável para que possam iniciar a técnica. Com o setting terapêutico pronto, coloque a música escolhida e dê inicio à técnica.

A técnica que pesquisei tem o lugar seguro como um campo, mas eu gosto de construir o lugar seguro com o meu paciente antes da técnica começar. Peço para que ele(a) imagine onde seria esse lugar, campo, praia, casa, algum lugar do passado, algum lugar que conheceu em alguma viagem, peço também que me diga qual horário do dia está no lugar seguro – manhã, tarde, noite; peço que me diga quais as cores predominantes no lugar, quais cheiros possam ser sentidos, como está a temperatura e algum outro detalhe que o paciente queira trazer. Feito isso, e descrito o lugar seguro, pode ser dado início à técnica propriamente dita.

Consignia: “Feche os olhos suavemente…inspire profundamente…e expire…libertando todo o ar…todas as sensações que acumulou durante o seu dia e deseja agora libertar….sinta a sensação de leveza…cada vez que expira. Gostaria que se imaginasse no SEU LUGAR SEGURO…repare na temperatura do ar…nas cores…no ar puro que inspira…sinta os seus passos firmes….sinta vivamente cada sensação que este lugar lhe transmite……sinta os cheiros…as cores…as texturas… os sons…tão agradáveis…imagine a sensação de segurança…de paz. Já nada mais interessa a não ser esta sensação de libertação. Continue a caminhar…a reparar em cada detalhe…em cada folha…árvore…flor…a sua mente está a libertar e a processar o seu dia. Deixe fluir todos os pensamentos…agora já não interessam…agora a única coisa que é importante…é o seu relaxamento…o seu bem-estar…físico e emocional…Continue a caminhar pelo campo e a respirar lentamente…repare como já conseguiu abrandar o ritmo de respiração e do pensamento….Relaxe.

Peça então para o seu paciente repita silenciosamente as sugestões que escreveu e memorizou interiorizando cada uma delas.

Terminada a técnica, dê um tempo para que o paciente volte do “Lugar Seguro“, mantendo a iluminação, temperatura e música. Quando por fim finalizada, pergunte sempre como o paciente se sentiu durante a técnica, e peça para que ele repita em casa os passos desde a consigna, pelo menos uma vez por dia. Caso ache necessária, repita em sessão sempre que quiser.

Psicoterapia: definição, tipos e ganhos

Atualmente muitas pessoas pensam em fazer psicoterapia pelo modismo que se tornou dizer que está em analise, enquanto outras apresentam resistência de procurar ajuda psicológica pela, ainda presente, representação social de que terapia é “coisa de maluco”, ou até mesmo, pensam em procurar um terapeuta para que miraculosamente ele resolva o seu problema como em um passe de mágica. Pensando nessas situações, e sabendo que a psicoterapia é muito mais do que todas essas especulações, resolvi iniciar escrevendo um pouco sobre o que realmente é uma psicoterapia, qual o seu real objetivo e quais os seus possíveis ganhos.

A psicoterapia, no seu início, teve uma conceituação de cura pela fala, mas vale à pena ressaltar que a sua origem vem da medicina antiga, da religião, da cura pela fé, dentre algumas de suas raízes nas civilizações antigas. Com o advento do século XX, o ato de curar pela fala passou a ser utilizado por uma gama maior de profissionais ligados à área da saúde, tais como médicos clínicos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais, e esse aumento da atividade fez com que surgissem escolas para fornecer maiores ensinamentos aos interessados na área, cada uma estabelecendo regras para a sua prática. Dentre os diversos modelos alguns conceitos básicos sempre são mantidos, tais como paciente, diagnóstico, doença, etiologia, plano de tratamento, prognóstico, indicações e contra-indicações (Wampold, 2001 apud Cordioli, 2008).

Mas o que vem a ser psicoterapia? Segundo (Strupp, 1978 apud Cordioli, 2008, p. 21):

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Sendo assim, pode-se dizer também que a psicoterapia é um tratamento interpessoal, com base em princípios psicológicos, onde o profissional treinado adapta as técnicas para cada paciente em questão, com o objetivo de minimizar o transtorno, problema ou queixa daquele que busca ajuda. É uma interação face a face, onde a interação terapeuta x paciente é muito importante, sendo construída por ambos, não se caracterizando como uma ação unilateral, onde a imagem do terapeuta seja daquele que tudo sabe, e sim, daquele que possui algum conhecimento extra para ajudar o seu próximo.

Hoje em dia existem diversas variedades de terapias, mas que segundo WEITEN (2008), podem ser agrupadas em três grandes categorias:  terapias de insight – cujo maior exemplo a ser dado é a Psicanálise e os métodos freudianos, onde o paciente é envolvido em discussões extensas com seu terapeuta, a fim de aumentar o número de insights acerca do seu problema e chegar a possíveis soluções, são as terapias que geralmente duram mais tempo; terapias comportamentais – baseadas nos princípios de aprendizagem, onde a maioria dos seus procedimentos envolve observação e condicionamento, sendo estas baseadas em mudança de pensamento e tidas como psicoterapias breves; e as terapias biomédicas – envolvem intervenções no funcionamento biológico da pessoa, onde geralmente se faz uso de farmacológicos, sendo necessária participação de um psiquiatra, para receitá-los, uma vez que, o psicólogo não possui autonomia para tal.

No Brasil, as regras para quem pode ou não ser considerado como terapeuta são mais rígidas do que, por exemplo, nos Estados Unidos, onde profissionais como enfermeiras psiquiátricas, assistentes sociais, profissionais de aconselhamento e membros do clero com treinamento especial em aconselhamento pastoral também podem exercer a função terapêutica (HUFFMAN, 2003).

Mas quem procura a terapia? Existe uma vasta gama de razões pelas quais uma pessoa busca ajuda na terapia, seja ela ansiedade, depressão, relações interpessoais insatisfatórias, autocontrole ruim, baixa auto-estima, problemas na relação conjugal, assim como, os transtornos do pensamento, das emoções, do comportamento, e também pelos distúrbios biomédicos. Os problemas mais comuns tanto apontados na literatura, quanto na minha vivência de clínica, são a ansiedade excessiva e a depressão, já conhecidas como “os males do século”.

Porém o mais importante seja esclarecer que as pessoas podem buscar a terapia por estarem com problemas mentais moderados ou graves, mas que também existem aqueles que buscam psicoterapia por questões cotidianas, orientação profissional, dentre outros, e, além disso, também se faz importante dizer que, o primeiro passo de buscar a terapia não deve ser visto como uma fraqueza pessoal, e sim, como o reconhecimento de que você está com um problema, e não que a pessoa é o problema, e a partir dessa visão, procurar ajuda especializada para solucionar tal problema.

Em razão disso, HUFFMAN (2003) apresenta na figura abaixo os cinco objetivos da psicoterapia.

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A psicoterapia é algo tão vasto, que para cada objetivo, podemos encontrar uma linha que melhor se encaixa em cada um deles, favorecendo assim, uma resolução mais efetiva dos problemas trazidos pelos pacientes. A psicanálise foca em pensamentos inconscientes e emoções, enquanto os humanistas buscam interpor as respostas emocionais negativas de seus pacientes, os cognitivos focam em pensamentos e crenças distorcidos, tendo por fim os comportamentais concentrando-se na mudança de comportamentos maladaptados. Por isso, independente do porque você busque a terapia, sempre terá aquela mais assertiva para o seu caso.

Sendo assim, podemos dizer que as psicoterapias diferem

citação 2

No entanto, vale ressaltar que as psicoterapias têm elementos em comum, mesmo com tamanha diversidade, e eles podem ser entendidos como a confiabilidade no trabalho do terapeuta, o total sigilo por parte do profissional sobre o que é dito em sessão e a busca pela resolução do problema de quem procura a terapia.

Como já vimos, psicoterapia é algo sério, e que deve ser realizada por alguém com treinamento especial para tal. Os principais profissionais que atuam nessa área, aqui no Brasil, são os psicólogos e psiquiatras, porém, atualmente, cursos de especialização estão formando terapeutas habilitados para atender à um público cada dia mais crescente.

Por fim, você pode estar se perguntando: psicoterapias são realmente efetivas? Sim, caso ela seja realizada por profissional especializado e capaz; assim como, o paciente esteja aberto a se ajudar e estar aberto ao trabalho da psicoterapia, sem deixar de lado, a importância da escolha acertada do tipo de psicoterapia adequada para o seu problema.

Fazer psicoterapia por vezes pode parecer doloroso, pois para que algo no seu presente seja modificado, é necessário voltar ao passado, analisar a origem do problema, para somente então pensar em possibilidades diferentes para um melhor futuro. Procure um profissional especializado, caso sinta a necessidade de melhorar algo em sua vida, e lembre-se, procurar ajuda não denota fraqueza e sim auto-conhecimento e vontade de mudar. Mudanças são quase sempre difíceis, mas igualmente necessárias e no final, apresentam-se gratificantes.

 

REFERÊNCIAS:

CORDIOLI, Aristides V. Psicoterapias: abordagens atuais. 3ª Ed. Porto Alegre: Artemed, 2008.

HUFFMAN, Karen. Psicologia. São Paulo: Atlas, 2003.

WEINTEN, Wayne. Introdução à Psicologia: temas e variações. São Paulo: Cengage Learning, 2008.