Dica: Jogo do Eu

Bom dia pessoal!

Hoje venho aqui dar uma dica para a prática clínica: o Jogo do Eu!

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Esse é na verdade um livro de autoconhecimento que R D Silva transformou em jogo e eu particularmente gosto, e uso bastante.
O Jogo é um livro com páginas soltas e com isso permitem quem está lendo (ou jogando) a de fato interagir com seus textos de forma prática e bem direta.

A dinâmica dele é simples, e você pode utilizar o Jogo do eu tanto nas sessões, quanto como atividade entre encontros, uma espécie de plano de ação, como chamamos na terapia cognitivo comportamental. Após embaralhar as cartas, a pessoa escolhe aleatoriamente cinco cartas e as lê, devendo escolher apenas uma para praticar e devolvendo as demais para o monte. E isso é bacana, pois o propósito do jogo é que você tenha a oportunidade de interagir com todas as cartas.

O Jogo do Eu é uma experiência que você leva para a sua vida cotidiana, proporcionando vivências de autoconhecimento onde seu objetivo é vencer as suas próprias barreiras.

Utilizo o Jogo do Eu com muita frequência na clínica e tenho um bom feedback dos pacientes. E uma coisa que acredito ser interessante, o Jogo do Eu não se restringe somente a TCC, podendo ser utilizado nas diversas abordagens da Psicologia.

Olha ele aí marcando sempre presença!!!!

hello hi ola

A leitura do Jogo do Eu é na verdade uma jornada! Arrisque-se e viva mais autoconscientemente!

 

Ótima semana e até o próximo texto!

Um abraço,
Ticiana

 

Técnica A.C.A.L.M.E-S.E

Ansiedade, quem pode dizer que está livre dela? Mas ao contrário do que muitos pensam, a ansiedade é fator estruturante do ser humano. TODOS temos ansiedade. O que difere de algo “normal” ou “disfuncional” é a intensidade e como lidamos com ela.

Por notar que a ansiedade vem se tornando cada vez mais a vilã dos dias atuais, resolvi trazer para a nossa postagem da semana uma técnica que é eficiente para controlar a ansiedade.

A.C.A.L.M.E.-S.E

A técnica foi criada pelo terapeuta cognitivo comportamental e professor Bernard Rangé, e consiste em passos para, como o nome mesmo sugere, acalmar-se. Quando se tem crises de ansiedade, ou alto níveis de estresse, esses passos sugeridos por Rangé irão ajudar a você a manter-se sereno.

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A técnica é composta de 8 passos:

Passo 1: Aceite a sua ansiedade –> isso mesmo. Não lute contra ela. Converse com ela. Aceite que ela está ali por alguma razão. Substitua suas emoções ruins pela emoção de aceitação. Quanto mais lutamos contra algo, mas aquilo cresce.

Passo 2: Contemple tudo a sua volta –> saia de você. Conecte-se com o que está ocorrendo ao seu redor. Você não é a sua ansiedade. Descreva o que ocorre no mundo externo a você. Tire a atenção do seu interior.

Passo 3: Aja como se não estivesse ansioso. “O que eu faria agora se estivesse tudo bem?” Tente diminuir o ritmo. Não fuja da realidade achando que irá fugir da ansiedade.

Passo 4: Libere o ar dos pulmões lentamente. Inspire e expire de forma lenta e gradual. Sem pressa. Sem certo ou errado. Apenas deixe que o ar circule.

Passo 5: Mantenha os passos anteriores. Refaça-os outra vez na mesma ordem –> aceitar, contemplar, agir e respirar.

Passo 6: Examine seus pensamentos –> sem precipitações. Apenas veja como está pensando. Procure analisar seus pensamentos e busque traços de realidade neles. Pense racionalmente.

Passo 7: Sorria, você conseguiu! Olha só, você já chegou aqui, e posso acreditar que já se sente melhor. A vida é feita de fases e você está conseguindo passar por essa. Aceitando sua ansiedade, logo você estará sabendo lidar com ela cada vez melhor.

Passo 8: Espere pelo futuro com aceitação. A ansiedade não vai desaparecer como em um passe de mágica. Mas tenha em mente que da próxima vez que ela aparecer, você já estará mais seguro para entendê-la.

Esse é o passo a passo da técnica A.C.A.L.M.E-S.E do professor Rangé.

Uma dica? Familiarizar-se com ela é a melhor opção, e por isso, não deixe para tentar fazê-la somente quando estiver em uma crise de ansiedade. Leia o passo a passo quando estiver bem e isso fará com que você esteja ainda mais preparado.

Vamos juntos?

Espero que tenham gostado do texto.

Até  a próxima.

Ticiana

Cartões de enfrentamento: você sabe o que é e para que serve?

 

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Na terapia cognitivo comportamental buscamos mecanismos para melhorar a o dia a dia do indivíduo.
Às vezes, o nosso pensamento é traiçoeiro e nos prega peças, e esses pensamentos são ditos disfuncionais, ou seja, não funcionam para nossa saúde mental.
Um dos mecanismos que temos disponíveis na TCC são os cartões de enfrentamento.
Mas o que são esses cartões?
Os cartões de enfrentamento são frases motivacionais e realistas que ajudam as pessoas a manterem o foco, ou a verem as coisas por uma lente menos negativa, naqueles momentos em que tudo parece desmoronar.
A ideia é pedir para o cliente/ paciente que escreva em um cartão frases que o ajude a passar por alguma situação desafiadora e conseguir forças para tal.
Essa estratégia é muito boa para pacientes com ideação suicida, como também para os procrastinadores e com humor depressivo. São lembretes de que a vida e as metas valem a pena.
Fazer um cartão de enfrentamento teoricamente é fácil, basicamente é colocar nele motivos reais para continuar ou começar algo. A dica é fazer esse cartão em um momento em que as coisas estejam relativamente bem e suas ideias estejam tranquilas. Após feito, ele deve estar sempre com você, por isso, é importante que o seu cartão de enfrentamento seja de um tamanho ideal para estar na bolsa ou na carteira. Hoje em dia com a tecnologia, até o bloco de notas do celular pode servir de lugar para fazer o cartão de enfrentamento.
E quando ler o seu cartão? Assim como nos preparamos para tudo na vida, o cartão de enfrentamento deve ser lido todos os dias, de preferência pelo menos duas vezes, mesmo que nesses momentos você esteja se sentindo motivado. É sempre bom reforçar esse ânimo e ajuda a criar um hábito. Afinal, quando estamos acostumados a algo é sempre mais fácil realizar qualquer tarefa, correto?
Você pode fazer vários cartões de enfrentamento: porque devo viver? porque não comer besteiras? porque continuar naquele curso? porque investir em algo? Se aquilo for bom e valer a pena, sempre bom relembrar o motivo.

E aí? Esse texto te ajudou de alguma forma? Me conta nos comentários ou me manda um e-mail ticiana27.11@gmail.com vou adorar saber o seu feedback!

Lembrando também que nenhum texto aqui substitui o processo de psicoterapia.
Não está conseguindo sozinho? Busque ajuda!

Até a próxima,

Ticiana.

Técnica Linha da Vida

A técnica que trago aqui hoje no blog foi retirada do livro que já indiquei “123 Técnicas de Psicoterapia Relacional Sistêmica” da Solange Maria Rosset, e se chama “LINHA DA VIDA“.

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É uma técnica que indico principalmente para ser aplicada com pacientes que têm dificuldade em “se abrir” na terapia, principalmente no que diz respeito aos acontecimentos que lhe marcaram durante a sua vida. Utilizei essa técnica com uma paciente, a qual, a terapia estava estagnada, por falta de relatos por parte dela, e sentia que não estávamos avançando, e após a construção da LINHA DA VIDA, conseguimos reconhecer pontos importantes na sua trajetória, o que fez com que outras demandas fossem surgindo a cada ponto analisado.

Indico também a técnica para o inicio da psicoterapia, dando a oportunidade ao psicólogo/ terapeuta de conhecer a trajetória do seu paciente/ cliente, possibilitando assim uma visão mais ampla das contingências que levaram a pessoa a buscar terapia. Ou seja, sabe por qual foi a trajetória daquela pessoa, e o que marcou o seu caminho.

A técnica consiste em que o paciente/ cliente em uma folha de papel (do tamanho que você escolha) trace uma linha representando a sua vida, e nela marque pontos importantes dessa trajetória, tanto positivos, quanto negativos, onde o início da linha deve representar o nascimento e o final o dia atual.

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O material necessário é bastante simples: papel e lápis. Eu gosto de disponibilizar além destes, lápis coloridos, caso o paciente/cliente queira fazer com cores diferentes o seu registro.

Nessa técnica é importante analisar como a linha é construída, se há quebras, ou espaços com hiatos de período, como o paciente reage a cada item listado. É uma técnica também boa para se utilizar com grupos (fazendo da linha a vida do grupo desde a sua formação), como também com famílias (tendo o início da linha o momento em que o casal se tornou família).

É uma técnica simples, fácil de ser aplicada, e que trás um ganho qualitativo enorme para a terapia.

Técnica do Lugar Seguro

Uma das técnicas que gosto de utilizar com meus pacientes é a “Técnica do Lugar Seguro“. Essa técnica embora seja usada e adaptadas por diversas abordagens da psicologia é mais comum e propagada pela hipnoterapia clínica.

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Atuo na perspectiva sistêmica e da terapia cognitivo-comportamental, mas mesmo assim, após estudar algumas técnicas, a técnica do “Lugar Seguro” acabou me servindo muito bem junto a pacientes cuja queixa principal é a ansiedade.

A técnica é bem simples de ser feita, mas alguns cuidados devem ser tomados. Manter o ambiente o mais confortável possível para o paciente, o que pode ser deitado em um divã, sentado em uma cadeira, ou deitado em alguma espécie de colchonete que você tenha em seu espaço terapêutico. Quando aplico o “Lugar Seguro” nos meus pacientes, diminuo a iluminação e procuro deixar a temperatura ambiente fresca, evitando assim calor excessivo, mas também tendo cuidado para que não fique frio o bastante que o distraia do passo a passo da técnica. Além disso, gosto de associar a técnica com música. Geralmente gosto de usar música instrumental clássica, mas também posso perguntar ao paciente se ele possui uma música favorita para utilizarmos. Mas cuidado, ao utilizar a música escolhida pelo paciente, tome cuidado para que ele preste atenção às suas palavras e não à letra da música. Caso isso acontece, interrompa a técnica e sugira mudar a trilha sonora.

Vamos à técnica?

Antes de começar, peça para que seu paciente escreva em um papel três sugestões que ele(a) queira modificar em sua vida (exemplo: comportamentos, pensamentos, hábitos, rotinas etc), tendo cuidado para que as sugestões sejam com base na simplicidade, tendo uma ideia de cada vez, sejam também realistas, para que não haja frustração desnecessária; e além disso, explique ao seu paciente que nunca deve dizer “não”, pois a palavra “não” pode ser reforçadora de negatividade.

Feita a lista, recomendo que diminua a iluminação, regule a temperatura e peça para que o seu paciente encontre uma posição confortável para que possam iniciar a técnica. Com o setting terapêutico pronto, coloque a música escolhida e dê inicio à técnica.

A técnica que pesquisei tem o lugar seguro como um campo, mas eu gosto de construir o lugar seguro com o meu paciente antes da técnica começar. Peço para que ele(a) imagine onde seria esse lugar, campo, praia, casa, algum lugar do passado, algum lugar que conheceu em alguma viagem, peço também que me diga qual horário do dia está no lugar seguro – manhã, tarde, noite; peço que me diga quais as cores predominantes no lugar, quais cheiros possam ser sentidos, como está a temperatura e algum outro detalhe que o paciente queira trazer. Feito isso, e descrito o lugar seguro, pode ser dado início à técnica propriamente dita.

Consignia: “Feche os olhos suavemente…inspire profundamente…e expire…libertando todo o ar…todas as sensações que acumulou durante o seu dia e deseja agora libertar….sinta a sensação de leveza…cada vez que expira. Gostaria que se imaginasse no SEU LUGAR SEGURO…repare na temperatura do ar…nas cores…no ar puro que inspira…sinta os seus passos firmes….sinta vivamente cada sensação que este lugar lhe transmite……sinta os cheiros…as cores…as texturas… os sons…tão agradáveis…imagine a sensação de segurança…de paz. Já nada mais interessa a não ser esta sensação de libertação. Continue a caminhar…a reparar em cada detalhe…em cada folha…árvore…flor…a sua mente está a libertar e a processar o seu dia. Deixe fluir todos os pensamentos…agora já não interessam…agora a única coisa que é importante…é o seu relaxamento…o seu bem-estar…físico e emocional…Continue a caminhar pelo campo e a respirar lentamente…repare como já conseguiu abrandar o ritmo de respiração e do pensamento….Relaxe.

Peça então para o seu paciente repita silenciosamente as sugestões que escreveu e memorizou interiorizando cada uma delas.

Terminada a técnica, dê um tempo para que o paciente volte do “Lugar Seguro“, mantendo a iluminação, temperatura e música. Quando por fim finalizada, pergunte sempre como o paciente se sentiu durante a técnica, e peça para que ele repita em casa os passos desde a consigna, pelo menos uma vez por dia. Caso ache necessária, repita em sessão sempre que quiser.

Dica de livro: “123 Técnicas de Psicoterapia Relacional Sistêmica”

No início da minha experiência em Psicologia Clínica, a minha maior dificuldade era encontrar técnicas boas para utilizar junto aos meus pacientes. Fazia algumas pesquisas, utilizava algumas outras que havia aprendido na faculdade, mas sempre me perguntava: onde poderia encontrar outras técnicas válidas e também adequadas para o meu público?

Atuo em clínica principalmente sob o olhar da Psicologia Sistêmica e da terapia Cognitivo-comportamental, e eis que fui presenteada com o livro “123 Técnicas de Psicoterapia Relacional Sistêmica”, e posso dizer que foi um dos melhores presentes que ganhei na vida profissional.

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O livro da Solange Maria Rosset é recheado de técnicas muito bem elaboradas que podem ser utilizadas tanto com pacientes individuais, como com casais, grupos e famílias, o que me abriu um leque vasto de itens para os diversos públicos que atendo na clínica.

Solange Maria Rosset é psicóloga, com formação em Psicodrama, em Psicologia Clínica Infantil, em Terapia Familiar e em Abordagem Corporal em Terapia (quem saber mais, basta clicar aqui), e teve a ideia de compilar as técnicas que utilizou durante os 30 anos de trabalho clínico e de ensino nesse livro, quase que por acaso. Ela conta que nunca foi muito a favor de livros de técnicas, mas quando resolveu encerrar as suas atividades  como coordenadora de cursos de especialização para novos psicoterapeutas, ela sentiu a necessidade de passar esse conhecimento, tanto para aqueles que tiveram o privilégio de trabalhar com ela, como para aqueles outros que exercem a mesma profissão. Eis que surgiu assim o “123 Técnicas de Psicoterapia Relacional Sistêmica”.

O livro é super didático, contendo uma apresentação escrita pela própria autora, um sumário extremamente fácil de utilizar, uma introdução que mostra ao leitor a indicação das técnicas, quando e por que utilizá-las, quais os seus objetivos e adequações, assim como os cuidados necessários para com elas e em relação ao momento da terapia. O livro trás também um Quadro Resumo das técnicas, onde temos o número, seu nome, o objetivo e a indicação – individual, casal, família ou grupo – o que facilita a leitura e a procura pela demanda do terapeuta. E por fim, a Descrição das Técnicas, onde estão relacionados os itens que compõem a descrição de cada uma. O livro ainda conta com uma bibliografia recomendada e 5 anexos para auxiliar em algumas técnicas.

Recomendo para terapeutas iniciantes, como também para aqueles que já possuem experiência e querem diversificar suas técnicas, como também para aqueles que admiram o trabalho da Rosset.

Um segundo volume intitulado ” Mais Técnicas de Psicoterapia Relacional Sistêmica” foi lançado há pouco tempo e acredito ser outra aquisição recomendada.

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