Hoje resolvi fazer um texto diferente, menos “científico” e mais “pessoal”, trazendo um pouco da minha percepção enquanto psicóloga clínica.
Atuo na clínica já há quase três anos, e percebo o número significativo de pessoas que iniciam a terapia, e em determinado momento deixam, ou pedem um tempo (e não voltam mais!), ou até mesmo somem. As justificativas são as mais variadas, e todas “verdades” para cada um. Mas fica a dúvida: por que desistimos tanto da terapia?
Acredito que tenha raiz no conceito em si de terapia que a maioria das pessoas ainda tem: algo meio “mágico“; “que irá resolver meus problemas“; “Um lugar que eu vou e uma outra pessoa irá me dizer o que fazer“. E não é bem assim que ocorre.
A terapia é um local de acolhida, de escuta, de busca e de ajuda, mas o ator principal é o cliente/ paciente, e não o terapeuta. Não basta ir toda semana para o consultório, estar presente durante 50 minutos, e não levar para sua vida as mudanças que a terapia oferece. O que começa no setting terapêutico, continua no cotidiano, senão você não entrou em terapia, meu caro.
Terapia não é só prazer, não é só alguém validando suas escolhas, e sim, é um momento em que livre de julgamentos, você poderá visualizar o que lhe afeta por outros ângulos, ter uma outra forma de ver as coisas. Mas quem irá ver é você e não seu terapeuta.
Algumas pessoas deixam a terapia porque ela “machuca”, “dói”, porque falar de determinados problemas é ruim. Sim! Não existe terapia fácil, nenhuma mudança é. Há sofrimento, há quebra de rotina, há desafios, mas há também um profissional disposto a te ajudar quando você não conseguir ir sozinho.
Outras pessoas deixam a terapia porque “existem outras coisas mais importantes no momento”, e enquanto a terapia não tiver real importância em sua vida, ela nunca será prioridade, e sempre será o primeiro corte feito. Algumas outras pessoas, ainda deixam a terapia porque é “muito caro”, e não entendem que terapia não é gasto, é investimento. Investimento em sua saúde mental, em seu bem estar, em sua autoconsciência.
E existem ainda aquelas pessoas que começam a não enxergar benefícios na terapia. Mas será que eles não existem? Sempre pontuo com meus clientes/ pacientes que as mudanças são lentas, às vezes pouco perceptíveis, mas se houver engajamento da parte dele(a), os benefícios serão notados. Tenha paciência com a terapia, ela não é mágica!
Os motivos são inúmeros, e aqui não desvalido nenhum deles, mas ainda tenho esperança do dia em que a terapia não está no topo da lista de “cortes”, e será levada a sério e até o fim. Se é que ele (o fim!), existe.
Faça terapia. Ou melhor, continue na terapia. Ela com certeza irá ajudar.
Ticiana Araújo Carnaúba
(psicóloga clínica e orientadora profissional)